quarta-feira, 25 de maio de 2016

As tintas da vida

As tintas da vida
Quem vive intensamente, espalha e colhe, recolhe, por onde quer que vá. Anna Guerra colore... explode!
Do infinito de seus registros, em rotas de emoções aos pensamentos, a artista escolheu as cores para transformar os feitos de seu mundo interior em efeitos aos olhos de outros. E que efeitos impressionantes!
Na obra da pernambucana, aterrissada em São Paulo já faz dez anos, as cores transcrevem um mundo desde dentro de si mesma, com tantas quantas são as cores da sua alma. Pernambuco é colorido e São Paulo é cinzento? Tais lugares comuns não cabem a quem se permite apreciar suas obras. Os dias são assim em qualquer lugar, uns acesos e outros nem tanto. Quem os colore são as retinas. As cores, todas elas, são vivas e mudam todo dia, o dia todo. Suas paletas revelam uma linguagem com sotaques multicores ou vibrantes escalas monocromáticas. As cores são o idioma da pintora.
Suas mãos de artista tocam a textura do encontro de um sentimento, uma sensação ou ideia com a matéria viscosidade-cor. Soltas no ar contam sobre uma lembrança ou miragem, um desejo ou lugar e paradas sobre uma superfície, sem tocá-la, acariciam o que está vazio apenas para quem vê de fora. Regem o instrumento de cerdas pincel sobre um plano monocor e ali registram histórias. Em suas telas descansam santos e delas voam pássaros; nelas erguem-se casarios geminados-alinhavados-parados e se entrelaçam corpos dançantes. Seus traços e formas são suas narrativas.
Anna coloca palavras em seu processo de trabalho com breves escritos, legendas para momentos recortados de seu percurso. Declara que a emoção produz razão. Sua pintura é autoconhecimento.
Apreciar o outro, em sua humana força expressiva, é permitir-nos uma viagem interior chamada emoção. Esta não pede palavras.
Vamos!
(Cintia Fondora Simão)

Março, 2016


 ANNA GUERRA PINTANDO "PRIMAS VERA"

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